domingo, 18 de março de 2012

Breguices, sim ou não.

A nossa Floripa velha de guerra faz aniversário esta semana. Por conta disso a prefeitura promove várias atividades de entretenimento para o povo, entre elas muitas apresentações teatrais e musicais, envolvendo corais e grupos artísticos da cidade, mesclados com atrações nacionais. Uma delas será um show com o premiado Lenine, porém, o que todo mundo comenta são duas apresentações de música dita sertaneja, mas que de caipira não têm nada, o cantor Daniel e a dupla Vitor e Léo. Desde algum tempo atrás vem sendo discutida publicamente uma questão levantada pelo colunista Cacau Menezes, o mais lido do estado, sobre mudanças que ocorreram no gosto musical da cidade. Antes, Floripa era considerada uma cidade roqueira, por ser habitada sobretudo por jovens, aqui nascidos ou migrados de várias partes do Brasil, entre eles muitos estudantes e surfistas. Mais recentemente, sofreu grande influência da música campeira gauchesca, também por conta da intensa migração que trouxe gente do interior  e do estado vizinho. A par do sucesso popular dos vaneirões e chamamés, os locais de divertimento passaram a ofertar também o que se auto denomina "sertanejo universitário", uma agressão artística e acadêmica, numa só adjetivação. Na verdade é a mesma música brega dos antigos Odair José, Agnaldo Timóteo, Vanderlei Cardoso e outros menos votados, só que travestida de roupagem moderna, no vestir e no falar, trazendo temas bem pouco inocentes, na verdade carregados de erotismo ou grande dramaticidade.     

As opiniões ficaram divididas. Gente contra a nova moda, que acha o estilo brega apenas devaneio comercial que cai fácil no gosto do povão, por isso mesmo é o preferido da indústria de entretenimento. E também gente a favor, considerando que gosto não se discute e quem estiver incomodado que se mude ou mude de canal. O problema é que não existe alternativa para os que não gostam, uma vez que o estilo  tomou conta de tudo e o rock and roll e a MPB desapareceram de cena.Certamente voltarão um dia, por que a arte muito comercial se caracteriza por ser de consumo expresso e tende a durar pouco na linha do tempo histórico. Uma ópera de Verdi será para sempre, mas o "Ai, se eu te pego" daqui a pouco passa. 

Na verdade esta polêmica sempre existiu. Já houve implicação com a guitarra elétrica, que Gil e Caetano introduziram em suas músicas, vencedoras de grandes festivais, devidamente e integralmente vaiadas pelos puristas. Um pouco antes, a Jovem Guarda já havia provocado calafrios na intelectualidade militante, que a considerava alienada e brega demais. Nem tanto. Roberto Carlos, o eterno rei das canções melosas e românticas, também produziu obras primas, bem recebidas pelo setor popular tanto quanto no meio sofisticado. Algumas de suas canções foram assumidas por grandes astros do mundo urbano, legítimos representantes das classes que habitam os andares superiores do edifício social. 

Vejam o que a "musa da bossa nova" fez com uma das canções do "rei": 


O próprio Roberto daria uma lição de ecologia e preservação ambiental, muito antes de virar moda.


Pra variar, muita gente acha que essas canções são exceções que confirmam a regra, por que foram na verdade feitas pelo outro Carlos, o "amigo irmão camarada" Erasmo. Bem, se ele próprio não reclama ou bota a boca no trombone, que poderemos fazer a não ser aplaudir? 

E aproveitar a diversão garantida !





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