quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O Contestado, restos mortais





O filme de Silvio Back, "O Contestado, restos mortais" 
está pronto há mais de sete anos, mas nunca chegou à rede comercial.  Não é do interesse dos que mandam no país e na sua cultura. 

Silvio é um catarinense de Blumenau nascido em 1937. Estudou e iniciou carreira em Curitiba. Seus filmes costumam chocar, pela ousadia das cenas ou pelo conteúdo absolutamente instigante. Há mais ou menos uns 45 anos, seu primeiro filme já tratava da questão do Contestado, "A guerra dos pelados". Ali, ele desmistificava a versão oficial de que a guerra era apenas por divisão de terras entre PR e SC. Ele deixava claro que a guerra era de fazendeiros contra posseiros, em terras devolutas do Estado, num cenário em que a companhia que construía a estrada de ferro PR-RS obteve do governo federal a cessão de alguns quiilômetros de terras ao largo da ferrovia, para ambos os lados. Por causa disso, a estrada talvez seja a que mais dá voltas no mundo, kkk. E mais, ele mostrava aviões do exército bombardeando os acampamentos caboclos, na primeira vez que o invento de Santos Dumont foi utilizado como arma de guerra, o que teria levado o ilustre inventor mineiro ao suicídio, versão historicamente não confirmada. 




A guerra propriamente dita, com os combates, emboscadas, incêndios de serrarias e massacres de caboclos nativos, ocorreu no período entre 1912-1916, que coincide com o início da exploração de madeira pela companhia norte americana Lumber, supostamente uma especialista em colonização, subsidiária da detentora da concessão das terras do planalto catarinense, por onde passava a ferrovia. Esta Lumber não estava interessada em colonizar nada, mas, apenas e tão somente na exportação dos pinheiros centenários, que cortava e preparava em suas serrarias, todas equipadas com tecnologia de ponta para a época, operadas por especialistas norte americanos. Estima-se que neste período se tenha exportado cerca de 10 milhões de pinheiros adultos por ano (BISHOP, S. - Relatório da Southern Brazil Lumber and Colonization Company. 1917a (Abril). Arquivo Público do Estado de Santa Catarina.).


Nessa guerra suja, estava diretamente envolvido o governador de SC, um fazendeiro do planalto, que tinha interesses pessoais nas artimanhas guerreiras. Era o patriarca da família Ramos, detentor de várias homenagens e estátuas espalhadas por Santa Catarina, cujos descendentes,  junto com os Bornhausen, formaram uma aliança política que domina o estado há mais de cem anos.  Os espíritos dos caboclos do Contestado, que ainda não tenham reencarnado, esperam ansiosamente por uma nova oportunidade para um novo Contestado ... 








domingo, 23 de setembro de 2012

Nos vamos tornando velhos



No filme "Sonhos", de Akira Kurosawa, há uma cena em que um ancião de mais de 100 anos se recorda de como sua amada preferiu outro, ao invés dele, quando ambos eram ainda jovens. Agora, prepara-se para o cerimonial de sepultamento da ex musa e dá risadas do tempo que passou. Não guarda qualquer mágoa, numa prova cabal de que o tempo a tudo cura e reconstitui. Como nos foi contado, no Japão os funerais são festivos, exceto os das crianças. No caso de uma idosa, que viveu longo tempo, todos festejam sua passagem para outra dimensão, visto que os budistas japoneses são crentes na lei do "karma", segundo o qual a roda de reencarnações só terá fim quando o espírito atingir a iluminação, o "satori", estado de santidade que dispensa a volta ao mundo da terceira dimensão. Alguns espíritos iluminados só voltam se quiserem, caso pretendam ajudar a evolução dos outros espíritos ainda em processo de santificação. Acredite quem quiser. Os evangélicos, por exemplo, como a maioria dos meus sobrinhos, acham isso "coisa do demônio", rs rs rs.   



Parece que o amor é algo sempre complicado, em qualquer civilização. Apesar disso, todos querem envelhecer na companhia de um grande amor.  As canções de amor não se cansam de repetir o mantra do amor eterno. Na minha opinião, quem chegou mais perto da explicação espiritualizada de um grande amor foi um cubano,  Pablo Milanez, provavelmente ateu, visto ser comunista de carteirinha, que compôs uma canção chamada "AÑOS".  A própria namorada dele, Yolanda, para quem dedicou outra canção primorosa,  conta que conheceu Pablo quando este tinha 25 anos de idade e era apenas um rapaz cubano, mulato, pobre e triste. Yolanda o abandonou justamente no pior momento, quando o rapaz descobriu um câncer ósseo e teve que se afastar do mundo artístico para se tratar, vindo a perder uma perna e a ficar vários meses entrando e saindo de hospitais. Apesar, disso, nunca deixou de amá-la. 

Pablo construiu sua carreira com várias canções de intensa alegria, mas, foram grandes obras românticas como  "Años" que consolidaram um estilo completamente novo e desconhecido da música cubana, a partir do movimento que se autodenominou "Nova Trova", inspirada nas canções românticas dos negros norte americanos, como o blues do delta do Mississipi. Mais tarde, com sua doença sob controle e uma prótese na perna amputada, Pablo Milanez correu o mundo, física e artisticamente. Nenhum outro músico  cubano foi tão reverenciado no exterior.






O tempo passa e vamos ficando velhos
Eu, o amor já não reflito como ontem
Em cada conversação, cada beijo, cada abraço
Se impoe sempre um pedaço de temor



Passam os anos e como muda o que eu sinto
O que ontem era amor vai se tornando outro sentimento
Porque anos atrás, tomar tua mão, roubar-te um beijo
Sem forçar o momento, fazia parte de uma verdade



O tempo passa e vamos ficando velhos
Eu o amor não reflito como ontem 
Em cada conversação, cada beijo, cada abraço
Se impõe sempre um pedaço de temor



Vamos vivendo, vendo as horas
que vão passando, velhas discussões
Se vão perdendo entre as razões
A tudo diga que sim e a nada digo que não, para construir
Essa tremenda harmonia que põe velhos os corações

Porque o tempo passa e vamos ficando velhos
Eu o amor já não reflito como ontem
Em cada conversação, cada beijo, cada abraço
Se impõe um pedaço de temor



Vamos vivendo,vendo as horas
que vão passando, velhas discussões
Se vão perdendo entre as razões
A tudo diga que sim e a nada digo que não, para construir
Essa tremenda harmonia que põe velhos os corações
O tempo passa e vamos ficando velhos
Eu o amor não reflito como ontem
Em cada conversação, cada beijo, cada abraço
Se impõe sempre um pedaço de razão



Porque O tempo passa e vamos ficando velhos
Eu o amor já não reflito como ontem




segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Carole King


A moça que aparece neste clipe é uma das mais belas cantoras-compositoras do mundo. Em todos os sentidos. Belíssima na aparência, seduziu meio mundo do show business norte americano, aliás, os homens adoram se encantar com essa loira descompromissada e descolada, filha da nova era. Foi casada com James Taylor, época em que compôs suas melhores canções, muitas delas de grande sucesso na voz aveludada do famoso e chato cantor. Naquele tempo, ela tinha horror ao palco. Escondia-se dos espetáculos e só aparecia  vagamente, como a consorte do marido famoso. Quando deu-lhe um belo 'bye-bye', criou coragem e começou a cantar. Que cantora o mundo estava perdendo! 

Isso se deu em 1972. Longos quarenta anos e sua voz continua bela e clara, dá até para entender perfeitamente o inglês cantado por ela, ao contrário de outros monstros sagrados que falam como se estivessem no lombo de um cavalo no Texas, tipo Bob Dylan. Ela, não. Ao contrário, soa sempre divina e refrescante, um colírio para os homens e uma referência para o público feminino.  

Os anos sessenta foram os do rock and roll, do movimento hippie, do sonho de paz e amor, do faça amor não faça guerra, entre outros símbolos emblemáticos daquela época. Isso tudo ficou para trás quando John Lennon decretou que "o sonho acabou". Os anos setenta entraram soturnos, o filme Easy Rider mostrando a decadência do movimento hippie, os ídolos da juventude revolucionária morrendo de overdose, Jimmy Hendrix e Janis Joplin, num intervalo de apenas tres meses. A barra estava muito pesada. No Brasil a ditadura baixava o cacete sem dó nem piedade. Nesse cenário de tristeza, nós necessitávamos de alguém que nos balançasse o berço nas noites aterrorizantes, que se anunciavam em nosso futuro próximo. Então, Carole King cantou que tínhamos uma amiga. 

  
Carole King hoje dá palestras e shows pelo mundo afora, discutindo o que é ser mulher. Um tema muito instigante e atual. Seu espetáculo, que apresenta em shows beneficientes, cruza no momento a Austrália. Evidentemente, nunca chegará ao Brasil. Pra que, se as mulheres brasileiras há muito já estão conscientes e atentas ao seu papel na família e na sociedade, não é? Tem até o Ministério da Mulher, cuja ministra mulher me esqueço o nome, tão importante e estratégico é este ministério do governo Dilma, cuja artituladora para compra de deputados no momento é a Ideli Salvati. E a Greyce Hoffmann vai de gestora dos negócios interministeriais, depois de ter feito o ex tucano Fruet prefeito de Curitiba. E depois, os linguarudos de sempre ainda dizem que as mulheres não são prestigiadas no Brasil. 


domingo, 16 de setembro de 2012

ENSAIO







A TV Cultura tinha um programa onde apresentava artistas musicais, mostrando os bastidores de suas vidas,  onde o personagem se expunha de forma franca e supostamente verdadeira, contando seus dramas e alegrias, enquanto cantava ali, ao vivo, seus melhores momentos. Era muito bom. Pena que o governo do PSDB de São Paulo acabou com isso e muito mais que a gloriosa Cultura nos proporcionava. 

Agora, vou passar a descrever bastidores da minha experiência pessoal. Não que eu tenha algo a ensinar, mas, em nome da literatura, aproveitando o suporte multi mídia que temos disponível. Quando se descreve fatos desconhecidos do grande público, penso que muita gente pode se informar melhor do que se passa antes do produto cultural ou político ser entregue ao distinto público. Alguém já pensou no trabalho que dá montar, ensaiar, produzir e, finalmente, apresentar uma peça de teatro? Mesmo assim, há aqueles que debocham dos atores. Eu mesmo, não suporto assistir peças de atores amadores, tipo estudantes ou trabalhadores comuns. Mas, não debocho. O que me encanta são os grandes atores e atrizes, feito Antonio Fagundes e Fernanda Montenegro. No entanto, vocês acham que para eles a coisa foi fácil? Ledo engano. Pelas entrevistas que já vi, suas vidas de sucesso foram construídas com sangue, suor e lágrimas. Da mesma forma, os coros amadores ficam devendo muito em termos de qualidade, mas sempre se inspiram na perseverança de um dia chegar perto do nível de um "Monteverdi Choir", de Londres.  

Participei de várias montagens de apresentações musicais, como baixo coralista. Na Associação Coral, fizemos um espetáculo que correu o estado, em conjunto com uma banda de rock. Foram meses de ensaios, duas vezes por semana. Nas vésperas da estréia, ensaiávamos com a própria banda. Horas em pé, empuleirado no palco, ora cantando, ora esperando a banda se acertar, ora apreciando o ensaio de outros naipes. Amadorísticamente, deixamos o controle do som com a banda. Foi um erro primário. O sonoplasta colocava a guitarra explodindo nas alturas, bateria, contrabaixo, teclado, tudo encobrindo nossas vozes. Mesmo assim, com todos os transtornos não esqueci da emoção de subir ao palco e receber o aplauso de centenas de pessoas, às vezes milhares, em teatros lotados, com o ingresso ao custo de um quilo de alimento não perecível. A grana para pagar a banda e a infra estrutura vinha de incentivos fiscais do governo. Nós cantávamos de graça, e ainda pagávamos uma taxa de manutenção mensal. 



Mesmo num coro de menor porte, o trabalho é o mesmo, talvez até maior, pois a estrutura também é menor. São abnegados voluntários, que se esforçam em um trabalho de grupo, buscando expressar na música a emoção que nos vai levando a um patamar superior de felicidade, até mesmo ouso dizer alegria que alimenta nossos espíritos. No Coral Eletrosul, nossos ensaios são no auditório da empresa, durante o horário de almoço. Porém, frequentemente somos desalojados  para dar lugar a algum evento. Qualquer evento, que poderia ser realizado em qualquer outro espaço, torna-se mais importante que o ensaio do coro. E lá vamos nós para a associação dos empregados, ou para a sala de licitações, enfim, em busca de um espaço amplo onde possamos cantar. Mas, continuamos ensaiando sempre, nunca ninguém pensa em desistir. O regente se esforça em colocar o coral apto a uma apresentação em público e, nesse trabalho, ele gasta horas ensinando e corrigindo os cantores, ensaiando naipe por naipe. Quando todos estão ensaiados, ele junta todos no mesmo canto. E é aquela trapalhada! Tem que começar tudo de novo, reconfigurar cada naipe de acordo com as falhas diante do arranjo correto da canção e, pacientemente, voltar ao grupo. Na véspera da apresentação, o nervosismo leva muitos a desaprender tudo; Lá vai o mestre a reconfortar, dar coragem e corrigir de novo os erros. Adiante, vai um extrato de parte do ensaio do coral, onde os "baixos" aprendem a cantar uma canção que será apresentada no "Outubro Rosa", onde estarão no palco das escadarias da Catedral de Florianópolis um multi-coral de umas 500 vozes.  Aqui é possível constatar o cuidado com que o maestro cuida de cada detalhe. 


Finalmente, chega o dia da apresentação. Aí o papo já é completamente outro. Todos estão sorridentes, com as almas lavadas e brilhantes, como se tivessem tomado um banho de chuva com águas vindas diretamente do espaço cósmico. Nunca vi uma pessoa infeliz no momento de uma apresentação musical de coral, mesmo em ambientes deprimentes como hospitais e prisões, onde cantamos costumeiramente. Aqui, o maestro apresenta um mini coro, formado dentro de uma escola de menores delinquentes em Minas Gerais. É de chorar de emoção, ao ver a música coral a serviço da integração pessoal e social, independente de qualquer linha política ou religiosa. 




sábado, 15 de setembro de 2012

Nossa linda juventude



Quando vejo a atuação de alguns históricos militantes ou ocupantes de cargos na estrutura do governo federal, fico cada vez mais perplexo. Como pode o ser humano mudar tanto? Antes de assumir a representação do poder, éramos todos unidos em torno da causa democrática, contra a ditadura militar. As várias tendências políticas de esquerda, leninistas, trotskistas, stanilistas, maoistas, enfim, todos os "istas" se agrupavam na luta contra a repressão do estado. No período da guerrilha, várias ações foram organizadas como frentes aliadas, onde os ativistas pertenciam a várias organizações diferentes, caso típico do sequestro do embaixador norte americano, fartamente mostrado em filme de grande sucesso inspirado no episódio.



Agora não! O que há é uma grande divisão por influência e poder na máquina do Estado, a serviço principalmente da máquina partidária, com seus líderes negociando todos os negócios que envolvem o Estado, independentemente da questão ética ou moral. Isso já está resolvido na cabeça dos mandatários de representação popular ou de cargos executivos. Em grande parte, estes se confundem, algo que só tem no Brasil, bahhh, o sujeito se elege deputado federal, mas, assumindo um Ministério qualquer, deixa sua vaga para o inexpressivo suplente que está na fila esperando há muito tempo... Com o detalhe que o titular pode voltar na hora que quiser, de modo que o suplente vai fazer tudo que lhe seja ordenado, como ordenança fosse, para não perder a boquinha. Tô falando alguma bobagem...?



  

domingo, 2 de setembro de 2012

Brevíssima história da música ocidental






Uma das cenas mais emblemáticas do cinema foi o final do filme "Zorba, o grego", onde um cidadão do povo, grego tradicional, ensina um inglesinho engravatado a dançar, depois da fracassada experiência em que ambos tentaram empreender a exploração de uma mina no interior da Grécia. Anthony Quinn era o "grego", apesar de ser mexicano criado nos Estados Unidos. A propósito, seu último filme foi feito no Paraná, devido a uma "visão" que teve, indicando que deveria procurar uma certa criança na cidade de Guaratuba, para levá-la a educar-se nos Estados Unidos. Já o "inglês" era Alan Bates, que ganhou vários prêmios e foi nomeado "Sir" pela rainha, em retribuição ao seu trabalho pelas artes visuais britânicas. Ambos estão mortos, assim como o diretor do filme, que foi lançado em 1964, mesmo ano do trágico golpe que inaugurou vinte anos de ditadura militar no Brasil. 






Nós entrávamos nos anos de chumbo, enquanto o cinema internacional viveria sua era de ouro, com as produções italianas, francesas, espanholas, asiáticas, e, principalmente, norte americanas. Sem dúvida, o principal componente daquele Zorba   era a trilha sonora, baseada na música tradicional grega, o que nos leva a pensar que nos primórdios da civilização ocidental, aquele tipo de música animava as festas do período pré-romano, famosas por sua promiscuidade, onde as damas da sociedade serviam de prostitutas ao povo em geral, buscando arrecadar grana para obras sociais e que tais. Que tempos ousados, heim!

Depois, a história da música foi influenciada principalmente pelos cristãos adotados por Roma, instituindo a Igreja Católica como a oficial do império. Isso fez com que Roma sobrevivesse mais uns duzentos anos.  Daí se perderam todas, ou quase todas, as raízes do cristianismo original, mas se obteve o grau máximo na cultura musical até então desenvolvida. A idade média fez o encanto dos mosteiros, onde proliferava o canto gregoriano, como nos mostrou o filme "O Nome da Rosa". 

Chegamos ao período Barroco, com suas harmonias perfeitas, em intervalos melodiosos e tranquilizantes, que nunca fugiam do padrão. Ninguém ousava nada diferente, do que não fosse agradável ao ouvido, e levasse o distinto público ouvinte ao delírio místico. Inicialmente os solos gregorianos é que prevaleciam, dando as cartas cantantes em apenas sete notas originais, com intervalos de um tom entre elas. Lá por 1500, começou um movimento diferente, o Renascimento, ousando mudanças no campo musical, assim como em todos os demais campos da arte, o que levou a transição para o período clássico. Johann Sebastian Bach foi o principal compositor dessa transição, que deu-se definitivamente lá por 1600, por que ele inventou a escala temperada, que usava semi tons. Assim, as sete notas originais se transformaram em 14, com o uso do bemol e do sustenido. Mas, a música continuava basicamente ao serviço de Deus.



Quinhentos anos depois da renascença, a música transformou-se num mundo de possibilidades. Houve o período clássico, com suas obras primas de Mozart e seus colegas, as óperas de Verdi e os demais italianos, que anunciavam as telenovelas que viriam quase cem anos depois. E em seguida várias experiências de cunho popular, com a introdução da indústria cultural, separando a música tradicional, erudita, da popular. Porém, a principal experiência da música contemporânea deu-se com a entrada em cena da música negra. Experienciada nos duzentos anos de escravidão nos Estados Unidos, sufocados em sua religiosidade africana original, os negros criaram os "spirituals", hinos cristãos só de negros, que haviam sido convertidos à força para o cristianismo. Desses "spirituals" surgiu o jazz e o blues. Depois, ambos desaguaram no Rock and Roll, que é desde pelo menos 1950 o ritmo predominante no mundo da música. É de longe o maior sucesso popular ao redor do mundo. Há muita porcaria na jogada, mas, existem algumas belas canções inspiradas nos velhos negões escravos do Mississipi.