terça-feira, 30 de abril de 2013

Eu sou inocente





Imagine um grupo de "comunistas" querendo combater a ditadura militar em plena Universidade Federal do Paraná, nos anos de chumbo de 1970 e tantos.  Imagine a preferência deste grupo por um tipo de espetáculo. Todos queriam sangue.

Luiz Gonzaga Júnior era o preferido da galera politizada. Puro sangue. 

Acontece que Gonzaguinha era muito caro, então, eu, que era diretor cultural do centro acadêmico, achei por bem diversificar e trouxe o Tom Zé. Ele havia sido um dos expoentes da Tropicália, havia ganho alguns festivais de música popular, tinha composições famosas como "São, São Paulo, Meu Amor", havia trabalhado em projetos revolucionários junto com gente estranha, tipo Os Mutantes e Rita Lee. 

Enfim, estava meio renegado pela esquerda intelectualizada, assim como não tinha espaço no show business convencional, do tipo popular. Era um elemento artístico perdido no meio do nada. À procura de um espaço. Aceitou imediatamente meu convite. 

Ele e seu músico acompanhante, mais as namoradas, vieram de SP de ônibus, ficaram hospedados em casas de amigos, bebiam junto com a gente e comiam da nossa comida. Foram dias de glória ...

Foi um dos melhores momentos artísticos que presenciei na minha vida!!!


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