domingo, 28 de junho de 2015

Mundos para além do visível - PARTE 3 - ESTRUTURA SETENÁRIA DO SER HUMANO

Os quatro cavalos de Buda.
O melhor responde pela intuição. O pior só responde debaixo do chicote.  

Helena Petrovna Blavatsky pode ser considerada como a pessoa que ligou a tradição religiosa oriental antiga com a anunciada Era de Aquário, um novo período de desenvolvimento para a humanidade, sucessora da Era de Peixes, que se caracterizou pelo nascimento e exuberância do cristianismo. Uma era cósmica terráquea dura mais ou menos isso, uns dois mil anos, e cada era tem seu inspirador. No caso da Era de Peixes, fica muito claro que o seu inspirador foi Jesus Cristo, aquele que foi anunciado como o filho de deus, o messias que tentou trazer a lei do amor para os homens, mas foi rejeitado tanto pelos judeus, povo de onde veio ao mundo fisicamente, como foi praticamente rejeitado também pela humanidade como um todo, pois é evidente que sua lei foi aceita apenas por uma quantidade muito pequena de seguidores, tendo sido rejeitada pela imensa maioria dos povos  humanos. Isso fica demonstrado ao se observar o atual quadro da vida no planeta Terra, mesmo e principalmente diante da perspectiva histórica do cristianismo, que parece ter falhado na missão de transformar a humanidade segundo sua lei do Amor Universal, "nunca faça aos outros o que não queres que façam a ti mesmo."

Antes de Blavatsky, o místico frances Alan Kardec abriu o caminho para a introdução de dois conceitos fundamentais na evolução para além do cristianismo tradicional. A lei do Karma e seu conceito correlato de Reencarnação. No entanto, apesar dessa revolução fantástica na forma de pensar a religiosidade, Kardec ficou centrado em suas experiências de observação do mundo astral e os espíritos "desencarnados" que o habitam. Não se preocupou muito em romper com o cristianismo, ao contrário, fez deste sua base de ação no mundo real e, talvez por isso mesmo, o assim chamado Espiritismo é o movimento ético religioso que melhor pratica o Amor Universal, através da sua assumida missão de focar nas ações da Caridade, a ajuda aos necessitados em todos os campos da realidade humana e social, sem esperar qualquer compensação em troca.

Blavatsky, ao contrário, foi buscar nas civilizações antigas as bases de sua concepção filosófica e religiosa, à qual chamou  de Teosofia, nome que pegou emprestado da fraternidade dos chamados Philatheteus (amantes da verdade), uma fraternidade de filósofos na antiga Alexandria, Egito, que teve seu auge por volta do ano 300 d.c. Estes filósofos pregavam que a sabedoria não poderia ser aprendida apenas com os livros, nem pelas crenças, mas, a partir da prática na vida diária, entendida esta como prestação de serviço à humanidade. Alexandria, a sede dessa fraternidade, contava com a mais importante e completa biblioteca do mundo antigo, que foi destruída completamente. Consta que levaram-se seis meses para queimar todos os pergaminhos e papiros. Não está definido historicamente o responsável por esse crime lesa-humanidade. Os cruzados cristãos acusavam os árabes, porém, apesar dessa ser a versão mais popularmente aceita, sabe-se que quando os muçulmanos conquistaram o Egito, a biblioteca já estava destruída. Por seu lado, os egípcios muçulmanos e de outras linhagens acusam os católicos romanos. O fato é que ali se perdeu um imenso tesouro para o conhecimento humano.  

A ERA DE AQUÁRIO é uma nova oportunidade que se apresenta para a HUMANIDADE

Além dos ensinamentos da civilização greco-romana, uma das bases do pensamento teosófico está no Budismo, filosofia que floresceu a partir das reflexões de Sidharta Gautama, um príncipe de um reino da região entre a India e o Nepal,  que abandonou sua condição de nobre e passou a vida buscando o Nirvana, o estado de iluminação. Interessante notar que ele foi contemporâneo de Pitágoras, Lao Tsé, Zoroastro e Heráclito, mesmo e provavelmente sem saberem um dos outros, num período dos mais férteis para a espiritualidade humana.  

O BUDISMO tem quatro princípios fundamentais:

1) Toda existência é insatisfatória e cheia de sofrimentos.
2) O sofrimento é causado pela ignorância e pelo desejo.
3) O sofrimento e a insatisfação podem ser superados pelo crescimento espiritual.
4) O desenvolvimento da espiritualidade é o caminho que leva ao estado de Iluminação. 

No último discurso aos seus discípulos, antes de tornar-se O Buda (o iluminado), Gautama falou da "lei das oito certezas", ou o caminho que leva à superação. Seriam elas: a "compreensão certa (fé)", o "pensamento certo (vontade)", o "discurso certo (linguagem)", a "conduta certa (ação)", o "esforço certo (aplicação)", a "vida certa (meios de subsistências justos)", a "atenção certa (memória)" e a "concentração certa (meditação)".   

A cultura sânscrita dos antigos povos da Índia está contida na epopeia mística "A Grande História dos Bharatas", ou Mahabharata, um conjunto de relatos poéticos que abrange o período de dois mil anos, entre 1700 a.c. até aproximadamente 300 d.c., quando o compêndio ganhou formas definitivas consolidadas a partir das várias versões da tradição oral. O Mahabharata narra a disputa entre os Pandavas e os Kuravas, duas famílias bastante próximas entre si, pela posse de um reino no norte da Índia. Os momentos que antecedem o confronto final, ficou conhecido como Batalha de Kurukshetra, nome de uma cidade da região, mas que corresponderia ao confronto interno do ser humano pelo seu desenvolvimento e evolução espiritual, seu principal campo de batalha. Esse é o trecho mais famoso da narrativa, conhecido como Baghavad Gita, ou "Canção de Deus". É a principal escritura sagrada do hinduismo. 


Além dos ensinamentos de Buda e da cultura védica indiana, Helena P. Blavatsky compilou várias outras influências do mundo antigo, da Mesopotâmia ao Egito, dos judeus-cristãos aos sufistas-muçulmanos, e por aí afora, todos consolidados e sistematizados em sua obra máxima "A Doutrina Secreta".  Esta obra abalou completamente os alicerces do século XIX, fincados na ciência, religião e filosofia. A partir desse primeiro assombro,  ela não pode mais ser ignorada. Em torno da Teosofia se ramificaram dezenas de movimentos espiritualistas no século XX, os quais desenvolveram suas próprias descobertas e concepções de novos paradigmas.    


Não há religião acima da Verdade


Um conceito fundamental nos ensinamentos filosófico-religiosos hindus, e que permaneceram válidos em todas as linhas teosóficas, é a constituição SETENÁRIA de todas as coisas no Universo, incluindo o ser humano. Algumas evidências desse modo SETENÁRIO de pulsar no universo são bastante óbvias: São sete as cores visíveis, sete as notas musicais, sete os dias da semana, etc. 

Dentro de sua estrutura setenária, o SER HUMANO é formado de duas partes bem distintas, uma relativa a sua PERSONALIDADE, considerada de nível inferior, que pode ser expressa espiritualmente como sendo a ALMA.  A outra parte, de natureza superior, é a Tríade Eterna, correspondente ao ESPÍRITO. 


NÍVEIS QUE DEFINEM A PERSONALIDADE DO SER HUMANO:  Neste plano é onde o Ser Humano inicia sua evolução, assim chamada como sendo a SUBIDA para os níveis superiores da EXISTÊNCIA. É onde se manifestam todas as suas imperfeições e incompletudes, que serão objeto de trabalho ao longo de várias encarnações. Recentemente, um ramo do conhecimento exotérico chamado Biocibernética propõe que um ser humano perfeito, ou seja, uma Entidade já pronta, algo completamente distante da realidade planetária, teria que passar quatorze encarnações apenas para fazer sua primeira ascensão aos planos superiores do mundo espiritual. Seriam sete encarnações como masculinos e sete como femininos, afim de equilibrar as vibrações da sua individualidade cósmica. Seres naturalmente imperfeitos, como somos quase todos nós, certamente levaremos uma quantidade muito maior de encarnações, apenas para atingir esse primeiro estágio de desapego da matéria densa, que é o mundo físico-etérico-astral. 



Níveis de ConsciênciaExplicação
 1Corpo FísicoCorresponde ao corpo biológico ou somático. É influenciado pelos ajustes genéticos e recebe impactos ambientais. É sempre o corpo de EFEITOS, nunca de CAUSAS. O corpo físico desaparece com a morte da pessoa. 
 2 Corpo Etérico Aura ou envoltório energético do corpo físico. Todos os órgãos do corpo físico estão energeticamente duplicados no corpo etérico. Nele se localizam os vórtices energéticos principais do Ser Humano, denominados Chacras. Somatiza o Prana, a energia universal, servindo de ligação entre o corpo astral e o corpo físico. O corpo etérico permanece vivo somente alguns momentos ou poucos dias após a morte do corpo físico.   
 3Corpo AstralVeículo das emoções e da consciência do ser humano, é o responsável pelas interpretações das energias relativas aos desejos e sentimentos do Ser.  O corpo astral não morre com a morte física, passando de encanação em encarnação, guardando as memórias emocionais de cada uma delas. Ele só desaparece quando o ser espiritual atingir um nível de evolução tal que não mais necessite da reencarnação.     
 4 Corpo MentalÉ o veículo através do qual o ser humano coordena a execução de tarefas fundamentais para seu desenvolvimento, progresso e sobrevivência. É no corpo mental que se programam no inconsciente do Ser as tarefas-modelo, que serão executadas automaticamente, sem a necessidade de participação da mente consciente. No Corpo Mental está a coordenação lógica dos níveis inferiores do SER, entendidos assim aqueles derivados da PERSONALIDADE que formam a ALMA de cada ser espiritual, que o acompanhará em cada jornada (ou encarnação) de seu processo evolutivo.  


NÍVEIS QUE DEFINEM A TRÍADE ESPIRITUAL ETERNA DO SER HUMANO: Neste plano se desenrolam as respostas para a pergunta crucial: QUEM SOU EU? É aqui onde o INDIVÍDUO (mônada indivisível) faz a sua jornada acoplada a um ESPÍRITO, para realizar seu APRENDIZADO dentro do processo de evolução cósmica.

    Níveis de ConsciênciaExplicação
       5  Corpo CausalVeículo dos princípios e pensamentos abstratos, a mente altruísta do ser humano. Este é o centro onde se acha a linha de demarcação que separa o espírito eterno (bhúdico e átmico) da personalidade inferior. Faz, portanto, a conexão entre o ESPÍRITO e a ALMA. É onde ficam guardados os "registros akáshicos", um balanço qualitativo de todas as encarnações anteriores. A cada nova encarnação, esses registros passam pelo "véu do esquecimento", de modo a escondê-lo dos planos inferiores enquanto se desenrola uma nova experiência encarnatória. 
 6 Corpo BhúdicoO veículo do Espírito puro universal, campo das intuições superiores. É onde ficam armazenados os princípios morais da sabedoria cósmica. Para se ter acesso a este nível espiritual, o Ser deve ter passado por um longo processo de aperfeiçoamento. No entanto, a centelha desse conhecimento puro está em todos os Seres.  
 7Corpo ÁtmicoA unidade com o Absoluto, a Chama Divina dentro de cada Ser. A Vontade Cósmica, o Sopro Divino. Este espaço de pura vibração energética superior é chamado de vários nomes, de acordo com cada linha de religiosidade ou filosofia supra dimensional. É onde habita a MÔNADA, normalmente definida como "Deus em expansão".

Partindo do corpo físico, o objetivo da evolução é subir cada vez mais alto, em direção ao INDIVÍDUO completo e indivisível, o governador de sua personalidade, a expressão da espiritualidade que se conhece e se domina. Essa técnica chama-se MEDITAÇÃO, isto é, fazer com que a mente concreta do ser humano físico possa acessar os planos espirituais, buscando o aprimoramento da sua personalidade instável e provisória. Qualquer ser humano que seja capaz de prestar atenção, ou seja, de pensar com firmeza num só assunto por algum tempo, sem deixar sua mente divagar, estará pronto para começar a meditar. 


Um comentário:

  1. Amigo, hoje com tempo suficiente para dedicar à leitura do que você escreve, pude fazer uma viagem e refletir sobre esse assunto que tanto gosto e tão pouco sei.
    Parabéns pelas reflexões.
    Gratidão!

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