quinta-feira, 9 de julho de 2015

A VERDADEIRA BATALHA



No Universo, tudo está em constante movimento. Nada permanece estático, pois todo o mundo  material  (ou mesmo imaterial)  busca cumprir sua missão cósmica. Aos minerais corresponde a função de resistir e aprofundar sua capacidade física frente ao meio ambiente. A missão dos vegetais é crescer, sempre  para o alto e na direção da luz. Os animais buscam sua evolução orgânica, que os adaptem às condições objetivas do meio onde vivem, incluindo o animal Homem. Ao ser humano compete EVOLUIR, da matéria para o espírito, da ignorância para o conhecimento, da personalidade fragmentada em direção à CONSCIÊNCIA. 

O caminho do crescimento do ser humano passa necessariamente por sua EDUCAÇÃO, não apenas no sentido da aquisição de conhecimentos e competências, mas também pelo processo de formação de uma personalidade harmônica, visando a perspectiva do INDIVÍDUO, ou seja, tornar-se o SER INDIVISÍVEL que se conhece a si próprio e se determina de maneira autônoma.

O INTERIOR DO SER HUMANO É SEU PRINCIPAL CAMPO DE BATALHA

Dizem os filósofos que o Ser Humano veio ao mundo para fazer um aprendizado, que o tornasse apto a responder tres perguntas fundamentais:

1) QUEM SOU?

2) DE ONDE VIM E PARA ONDE VOU?
3) ONDE ESTOU?

Nenhuma dessas perguntas tem resposta pronta. 
Na verdade, há várias respostas, todas insatisfatórias. As últimas hipóteses foram tentadas há mais de dois mil anos, através da civilização Grega e seu sub produto, o Império Romano. Tudo o que temos hoje no plano filosófico dos habitantes do planeta Terra, especialmente em sua vertente ocidental e moderna,  é produto do pensamento grego antigo. 



A visão grega do ser humano é compartilhada pela psicanálise moderna

De modo geral, o pensamento filosófico grego considera o Ser Humano a partir de tres focos bem determinados: 


  • Plano da matéria física (Soma) - o corpo físico humano, sem os componentes psíquicos. Significa apenas o conjunto de órgãos e funções biológicas. 
  • Plano dos pensamentos (Psique)  - Com todas as controvérsias ao longo dos séculos, a melhor definição atual para a palavra grega "alma" seria o termo inglês SELF, que significa "si-mesmo", abrangendo o território psicanalítico do ego-mente.  
  • Plano do sagrado (Nous) - Em termos gerais foi usado para distinguir os atributos da razão/saber, frente aos aspectos físicos e mentais dos demais níveis. Platão o definiu como o "divino e atemporal pensamento". Significa a interação direta e imediata com as emanações do componente metafísico dentro de cada ser humano, sem necessidade de linguagem ou premissas. No pensamento moderno, pode ser expresso como INTUIÇÃO. 

No entanto, os gregos estão longe de serem os donos da verdade.
Uma civilização mais antiga que a deles, a da Índia, propunha que o Ser Humano tenha sete dimensões, ao invés de tres. 


A constituição setenária do Homem está na filosofia indiana

Quatro níveis inferiores definiriam a Personalidade, a saber: corpo físico, corpo etérico, corpo astral e corpo mental inferior, que no quadro acima está assinalado como "emocional". Nesse quadro, especificamente no nível Mental Inferior e Astral, estaria o verdadeiro CAMPO DE BATALHA do Ser Humano. Em termos de comparação, seria o nível da Psique dos gregos, onde as influências emocionais e os pensamentos determinam a vida de uma pessoa. Portanto, todo o processo de EVOLUÇÃO depende do que acontece neste nível, com o objetivo de acessar um padrão superior, onde estaria a CONSCIÊNCIA DA INDIVIDUALIDADE. 

CRESCIMENTO PARA O NÍVEL DA CONSCIÊNCIA

O crescimento pessoal de um Ser Humano, de saber como é "por dentro", não tem nada a ver com o intelecto. Este é outro tipo de saber, lhe dará a resposta da questão básica ONDE ESTOU? e, apesar da aparente singeleza dessa simples questão situacional, a pergunta pode não ser respondida ao longo de toda uma vida. 





O processo de crescimento em direção ao nível da CONSCIÊNCIA ESPIRITUAL, o Nous grego ou a Tríade Atemporal da filosofia indiana, pode se dar por vários caminhos. Nenhum deles centrado na PERSONALIDADE, quer dizer, no emaranhado de pensamentos e questões temporárias que  se passa pela mente concreta. Ao contrário. Todas as linhas filosóficas desenvolvidas através dos milênios, em civilizações tão diferentes entre si como a Índia, a China, a Grécia, o Egito, etc,  nos apontam como caminho o DESAPEGO aos níveis inferiores da personalidade humana, ou seja, apontam para a necessidade da TRANSCEDÊNCIA, ou seja,  a desidentificação do Ser Humano com seus aspectos físicos-etéricos-astrais-mentais de baixo nível.  Isso significa que uma pessoa pode ver a si mesma de um ponto de observação além da sua personalidade.  Ela pode constatar que está pensando em algo do mundo objetivo e material, ou que está elaborando um plano para o futuro imediato, ou que está resolvendo algum problema financeiro e/ou doméstico, ou que não está sabendo muito bem como lidar com certa questão, mas, ao mesmo tempo se distanciar de tudo e dizer para si mesma: “ESTA PESSOA NÃO SOU EU”.  Quer dizer, em outras palavras um pouco mais duras, “Eu sou mais do que esse conjunto de irrelevâncias”. Isso significa que o caminho para se tornar INDIVÍDUO é a superação do EGO.

Quando examinamos isso em relação ao contexto social e histórico, temos que nos conscientizar também de que a civilização atual do ocidente, baseada nas crenças judaico-cristãs, está longe de ser o ponto máximo da história humana, ou, como dizem os yuppies e assemelhados, O TOP DA CONDIÇÃO HUMANA NA TERRA.  A formação do contexto religioso europeu, baseada nas igrejas cristãs, e sua extensão posterior às Américas, África e parte da Ásia, nasceu de uma necessidade do Império Romano de preservar-se frente a ameaça dos povos bárbaros, que então habitavam o interior do continente lá pelo ano 400 dc. Então, o imperador e a corte romana criaram uma religião estatal e obrigatória, com seus ritos, dogmas e procedimentos que, talvez, não tenham nada a ver com o cristianismo original, libertário e rebelde. Posteriormente, quando a Europa cristã mergulhava nas trevas da Idade Média, o centro do mundo, do ponto de vista científico e cultural, estava no Egito, que irradiava sua luz por todo o Oriente Médio e norte da África. Na verdade, chegou à Europa através das colônias muçulmanas dos mouros no sul da Espanha. A história nos mostra que as cidades-estados de Sevilla, Córdoba e Granada eram, na altura do ano 1000 dc,  sob domínio árabe, mais avançadas e civilizadas culturalmente que os reinos cristãos, em áreas como Medicina, Literatura, Matemática, Organização Social, etc.  Quando os cruzados cristãos decidiram que era hora de reconquistar Jerusalém, tomando-a do domínio muçulmano, que se instalou ali séculos após a diáspora judaica, esperavam encontrar por lá um povo atrasado e bárbaro. No entanto, o que encontraram foi algo muito diferente: uma cultura ultra sofisticada. Os intelectuais europeus que acompanhavam os cruzados constataram a existência de grandes bibliotecas, onde se podia acessar a produção dos filósofos gregos. Isso mesmo, Sócrates, Platão e Aristóteles em versão árabe. Apesar disso, a aventura cruzada resultou em enxurradas de sangue que corriam pelas ruas empedradas da cidade, conforme nos informa vários relatos da aventura, essa sim, bárbara.   Isso nos demonstra que o orgulho de uma civilização pode estar baseado em argumentos completamente deslocados da realidade ou do bom senso. Não faz muito tempo, a maior potência militar de todos os tempos, os Estados Unidos, perderam uma guerra para guerrilheiros analfabetos vietnamitas, que se comunicavam e se articulavam militarmente em túneis cavados sob os pés dos norte-americanos. Bombas de napalm e fuzileiros super armados de nada adiantaram. Tiveram que abandonar o país com o rabo entre as pernas, completamente derrotados do ponto de vista moral e militar. Não é por outra razão que hoje os Estados Unidos pensam duas vezes antes de invadirem um país. Preferem bombardeá-lo com seus aviões ultra sofisticados, mas, isso já é outra história. 

Voltemos ao nosso mundo do crescimento espiritual. Todas as tendências ou movimentos religiosos do mundo moderno estão baseados na expansão do seu "mercado". A antiga metodologia do aprendizado religioso, centrada na relação mestre-discípulo, foi substituída pela máxima expansão dos discípulos, através da replicação incessante da "mensagem", quer seja através das mídias eletrônicas, quer seja em classes de ordenamento massivo. 






Isso pode formar excelentes propagandistas e missionários. Mas, não é capaz de gerar SÁBIOS. O caminho da sabedoria é árduo e pesado. Exige tres etapas indispensáveis: 


  • O DESPERTAR, que corresponde a identificação pessoal de uma entre bilhões de pessoas da Humanidade, que se orienta pela APRENDIZAGEM, com o objetivo de sair da ignorância do mundo físico e caminhar através da ascensão ao mundo dos IDEALISTAS, aqueles que estão dispostos a correr os riscos do Caminho Espiritual. 
  • A TRANSFORMAÇÃO, que corresponde a progressos a serem conquistados pelo já agora Discípulo, que necessita de DISCIPLINA e RIGOR na caminhada para a sabedoria,  que o torne INDIVÍDUO. 
  • A TRANSMUTAÇÃO, que corresponde a mudança da essência de um Ser, alterando sua vibração, da mesma forma como os alquimistas da antiguidade se propunham a transformar cobre em ouro. Essa mudança fundamental coloca o Ser Humano no ambiente da Unidade Total com o Absoluto. É o caminho da Iluminação, ponto máximo da experiência do aprendizado humano, que corresponde a várias denominações, segundo cada linha filosófica ou religiosa: Satori do budismo japonês, Nirvana do budismo indiano, Beatitude dos cristãos, etc.     

Há várias técnicas para o processo da Transformação. Uma das principais é a Meditação, que, por sua vez, também está distribuída conforme as preferências da clientela. Uma das mais eficazes é a concentração da mente num canto sagrado, como este que segue, por exemplo. 







Se o meditador não tem paciência com as coisas do oriente, pode preferir um canto cristão ocidental. Que tal este?





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