sábado, 26 de dezembro de 2015

RESUMO DA SEMANA: Chico Buarque quer chupar cana e assoviar ao mesmo tempo.





CHICO BUARQUE QUER CHUPAR CANA E ASSOVIAR AO MESMO TEMPO


Arte só tem valor verdadeiro quando orientada para a transformação do mundo. Quase sempre, isso evolve combater o sistema dominante. Mesmo a arte pictórica, que não se expressa na linguagem propriamente política, é diferente quando patrocinada pelo poder ou quando feita à revelia deste. Os pintores clássicos, que produziam sob encomenda dos reis, príncipes ou das autoridades religiosas, podem ter seu valor artístico enquanto pesquisadores e inventores de um estilo. Mas, não se comparam com os pintores que faziam de sua arte uma linguagem de protesto e contestação. Compare Van Gogh com Renoir, por exemplo, e vão entender o que eu digo. Quando Picasso se auto exilou em Paris, em protesto contra o regime fascista de Franco, logo foi alcançado pelas forças de Hitler na ocupação da França. Contam que um agente da Gestapo o trouxe para um interrogatório e, mostrando uma foto da obra "Guernica", inspirada no famoso bombardeio de um a aldeia, durante a guerra civil espanhola, onde Hitler teria testado suas armas para a guerra que se aproximava, o oficial perguntou a Picasso "Foi você quem fez isso?" O artista espanhol respondeu: "Não. Eu apenas pintei. Quem fez foram vocês".

O que mudou na vida do Chico Buarque que combatia a ditadura nos anos 70? Financiamento a fundo perdido para a produção do filme "Chico, um artista brasileiro" = 4,5 milhões de reais. Vai ter o mesmo fim do "Lula, o filho do Brasil", que é vendido em lojas de 1,99. Não é preciso dizer mais nada, mas eu digo. Chico não se diferencia em nada da elite que tem os olhos para a Europa e a bunda virada para o Brasil. Usufrui de direitos que não deveria. Os financiamentos culturais, são prioritariamente para novos talentos. O que faz com que eles sejam destinados a velhos figurões como Chico, sua namorada e seu irmão? O seu comprometimento com o regime atual, corrupto, inepto, imoral, aliado com o que há de pior na vida brasileira. Podem acrescentar outros adjetivos, à vontade.

Não é proibido ser puxa saco de um governo como esse. Mas há um preço político a pagar por isso. O senhor Chico Buarque pode se comprometer com essa gandaia nacional, se quiser, mas, não espere que continue sendo o velho Chico da contestação, da conquista da liberdade, da luta pela volta da democracia. Ninguém critica o Chico como artista, mas, sim pelo valor político que ele agrega no apoio ao governo. Justamente por ter a história que ele tem, o seu gesto não pode ser considerado como o de um "zé ninguém". Quem fez canções como "Vai passar", não pode alegar ingenuidade ou ignorância. É interesse pessoal e isso tem um nome: puxa saco do sistema. Hoje, os conceitos de Direita e Esquerda se perderam. O que faz sentido é se uma pessoa está comprometida com a melhoria e a transformação do mundo. Não dá para classificar como popular e progressista um governo que se apoia em aparelhos velhos e carcomidos como CUT, UNE, etc, bem como se nutre das alianças com os latifundiários mais atrasados que se conhece, além das estruturas viciadas em corrupção, já provadas e condenadas pela justiça federal. Veja a base de apoio dos governos do PT: Sarneys, Renans, senadores como Sergio Cabral e Requião, deputados como o homem da cueca cheia de dólares, etc. Até poucas semanas atrás, era aliado e comprava apoio em troca de cargos para um sujeito chamado Eduardo Cunha. Por isso, Chico Buarque ou qualquer outro artista que apoie o governo, não pode querer passar como interessado em justiça social. Ele até pode argumentar sua posição de cidadão, que o autoriza a fazer o que bem quiser com seu apoio, sua fama e seu legado. Cabe aos cidadãos conscientes, deixar claro o que isso significa ao final das contas. E que contas!!!

Esse episódio sobre Chico Buarque foi bem ilustrativo do que está ocorrendo no país. Há um clamor nacional contra o governo Dilma, mas também contra o mundo político como um todo. A percepção do desgaste da tão (mal) falada "classe política" é visível, especialmente nos setores mais autônomos, que não dependem tanto de ajuda governamental. Os casos de corrupção deslavada, que se espalham por todos os partidos e poderes, dá a sensação de um mal estar depressivo, principalmente por que não há no horizonte qualquer alternativa visível. A lama é geral, ampla e irrestrita. Por isso mesmo, os artistas não podem se considerar acima do bem e do mal. Eles são julgados por suas posições políticas, como qualquer pessoa pública. Querer se beneficiar pessoalmente do apoio ao governo, e ao mesmo tempo manter a popularidade junto à opinião pública mais bem informada, é impossível Senhor Chico Buarque. Ninguém te cobra que seja o mesmo ídolo de antes, podes até apoiar o governo, de olho nos patrocínios para ti e para os teus, mas, arque com as conseqüências políticas.





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