terça-feira, 22 de março de 2016

Luzes do Cedro Baixo de Brusque - "A ÚLTIMA CEIA"


A antiga localidade Cedro Baixo de Brusque (1880), atualmente é chamada Dom Joaquim, em homenagem ao arcebispo metropolitano de origem portuguesa, que ficou à frente da principal arquidiocese de Santa Catarina por longos 54 anos, entre 1914 e 1967, ano em que faleceu na cidade de Florianópolis. Em Cedro Baixo existe um grupo espiritualista que se reúne a cada 14 dias, para estudar e praticar aspectos múltiplos da religiosidade humana. No último encontro, o tema escolhido foi uma das obras primas de Leonardo da Vinci, o afresco denominado A ÚLTIMA CEIA. 




Leonardo nasceu numa pequena aldeia rural (Vinci), situada entre Florença e Pisa, no norte da Itália. Apesar da origem, teve uma formação clássica, graças à visão progressista de seu pai. Dominou amplas áreas do conhecimento, como anatomia, engenharia, matemática, música, história, arquitetura, escultura e pintura. Em 1469, aos 17 anos, o artista vai para Florença, o centro artístico por excelência da Itália renascentista. Ali passa 13 anos de sua juventude, aprendendo tudo sobre arte com os renomados mestres de Florença. Em 1482, aos 30 anos de idade, segue para Milão, aceitando ficar sob a proteção de um nobre local, Duque Sforza. Para o monastério mantido por este nobre é que Da Vinci executa a obra A ÚLTIMA CEIA, pintada na parede da sala de refeições dos monges.  

Significado astrológico da Última Ceia


O primeiro aspecto que se observa na obra, é o agrupamento dos apóstolos em quatro grupos de três. Uma primeira interpretação evidente é que o significado da vida está vinculado à eterna submissão da realidade passageira,  para com os aspectos do eterno e perene: as quatro estações (primavera, verão, outono, inverno) e os quatro elementos naturais (água, ar, fogo e terra). Em seguida se observa que os apóstolos estão agrupados seis à direita e seis à esquerda de Jesus. Este aspecto leva a uma concepção zodiacal da obra, com os signos representados pela aparência e postura dos personagens, assim como pela concepção de que os signos dos que estão à direita, são o lado contrário e antagônico dos que estão à esquerda de Jesus. Obter o equilíbrio entre os dois lados é a missão do aprendizado nesta passagem terrena.  Da direita (lado visual e claro) para a esquerda (lado escuro e inconsciente), vamos observando os signos e seus representantes. Para isso, vamos nos valer da interpretação do astrólogo Pedro Tornaghi e seu livro "Leonardo Astrólogo". 



ÁRIES – APÓSTOLO SIMÃO
Simão tem uma expressão muito enérgica e firme, olha nos olhos de Judas Tadeu. E Áries gosta de falar olhando no olho do outro. As duas mãos decididas para frente do apóstolo sugerem que ele é possuidor de dons próprios, indicando algo que deve ser feito. Já o fato de ele estar sentado na cabeceira, mostra a liderança ariana, além de impulsividade.
TOURO – APÓSTOLO JUDAS TADEU
Judas Tadeu está em uma posição receptiva. O pescoço para a direita mostra que ele está ouvindo as ideias e, ao mesmo tempo, questionando a praticidade e viabilidade do que Simão propõe. A união de receptividade e desconfiança formam a típica postura pragmática do taurino: dificuldade de aceitar fantasias e disciplina para ouvir as ideias. 
GÊMEOS – APÓSTOLO MATEUS
O rosto para um lado e os braços para o outro no quadro, mostra um lado disperso e indefinido, que é característico de Gêmeos. Ele está comunicando duas realidades diferentes: “Gêmeos tem esta multifacetação, cede um pouco a cada um dos lados. Ele tem essa capacidade de dar atenção a dois ao mesmo tempo. Uma sensibilidade, curiosidade e agilidade mental.” 
CÂNCER – APÓSTOLO FÍLIPE
Fílipe está virado na direção de Cristo com olhar suplicante. Quer sensibilizar e envolver os outros sempre. As duas mãos voltadas para o próprio peito mostra a tendência de introversão de Câncer. O apóstolo está mostrando quanto o sentimento é importante para ele, algo primordial ao canceriano. 
LEÃO – APÓSTOLO TIAGO MENOR
Esse apóstolo abre os braços em expansão, como raios, combinando assim com Leão, que é regido pelo sol. Ele está expandindo a energia dele, advogando que Jesus seja o centro da cena. Tiago Menor se mostra profundamente indignado com a traição, porque Leão não consegue viver na desordem.
VIRGEM – APÓSTOLO TOMÉ
Tomé levanta o próprio dedo para Jesus. Virgem gosta de criticar, opinar e sugerir, é muito perfeccionista. Para ele, a expressão extremamente atenta do apóstolo mostra a tendência virginiana de buscar a melhor solução possível. 
LIBRA – APÓSTOLO JOÃO
João tem os dedos entrelaçados numa postura meditativa no quadro. Mostra a tendência de Libra de querer meditar sobre a situação e se posicionar assertivamente, é o oposto de Áries. O apóstolo busca esfriar o calor das emoções para considerar melhor o assunto em questão. 
ESCORPIÃO – APÓSTOLO JUDAS ISCARIOTES
Judas Iscariotes olha pra Cristo desafiadoramente, se recolhe ao silêncio. Uma estratégia tipicamente escorpiana. Como um vulcão, parece calmo, por fora, mas por dentro é intenso. Judas, na pintura está quieto, mas pronto para dar o bote quando for necessário.
SAGITÁRIO – APÓSTOLO PEDRO
O símbolo de Sagitário é um centauro, metade humano, metade animal. A parte animalesca do signo está em Pedro na faca que o apóstolo esconde. Ele está escondendo seu instinto animal. Enquanto isso, a outra mão dele está apontando para o divino. Pedro tem uma postura professoral. Quer dizer para os outros como deve agir, que caminhos o outro deve seguir, comportamento característico de Sagitário. 
CAPRICÓRNIO – APÓSTOLO ANDRÉ
Ele está com a típica postura de cautela de Capricórnio, como quem diz: ‘Vamos refletir’, ‘Vamos tentar ser Maduros’”. A postura do apóstolo é a mais vertical de todas, o que mostra como o signo busca a responsabilização por tudo. 
AQUÁRIO – APÓSTOLO TIAGO MAIOR
Tiago Maior está conspirando no ouvido de André, inflamando os outros para fazer a revolução. Na pintura ele também está tocando Pedro, querendo juntar os dois para uma ação em comum, mas ao mesmo tempo sendo discreto. “Aquarianos são os mais revolucionários, mas buscam a discrição.” 
PEIXES – APÓSTOLO BARTOLOMEU
Apesar de estar no canto escuro da tela, Bartolomeu tem os pés iluminados. Além disso, o apóstolo está de pé porque quer ver a cena de cima. “Não se posiciona com relação ao que está acontecendo. Bartolomeu está só contemplando, parece só querer entender tudo”.

Significado esotérico da Última Ceia

Para abordar este aspecto desta específica obra de Da Vinci, usamos como referência um estudo feito pela corrente teosófica chamada Gnosis,  no campo de pesquisas que eles chamam "antropologia gnóstica". 



Jesus está rodeado por seus 12 Apóstolos. São o Sol e seus 12 Planetas. Sim, nosso Sistema Solar possui 12 planetas, três dos quais ainda não foram descobertos pela ciência acadêmica, segundo o pensamento gnóstico. Estes planetas ainda ocultos seriam: Vulcano, Perséfone e Clarión. Atenção materialistas, estes planetas ocultos podem ser apenas objetos mantidos na quarta dimensão ou superiores, não identificáveis pela nossa vã percepção física da terceira dimensão. Quem sabe sejam coisas como o mundo dos mortos, o inferno ou o purgatório ? Há mais mistérios entre a terra e o ar, do que os simples aviões de carreira. 
Ao lado direito de Jesus (à nossa esquerda), um personagem feminino se destaca.  Seria João, o discípulo amado de Jesus, ou uma mulher, Maria Madalena, sua esposa-sacerdotisa(?).  Observe que esta mulher possui expressões típicas do pudor feminino, ela estaria usando uma corrente de ouro no pescoço e afasta-se de Jesus com uma coqueteria feminina, incontestável.
A figura feminina e Jesus usam o chamado “efeito espelhado”: Jesus está usando túnica vermelha e manto azul. E Madalena, túnica azul e manto vermelho. O “espelho” simboliza a entrada para uma realidade oculta. Um crítico de arte verá que os grupos formados por Jesus e Madalena, pelo afastamento de Madalena, formam um M no centro do Quadro.   O M foi um código muito usado pelos Templários e sobre o qual existe controvérsia: M, símbolo da Constelação de Virgo, pode ser também o M de Madalena, venerada pelos Templários? Ou seria o Eterno Feminino de Deus, nossa Mãe Divina?   No afresco de Da Vinci, aparece uma “mão anômala” fazendo o “gesto ou dedo de João” (o Batista), tão caro a Jesus. Apesar de ser a cena do Sacramento Mágico da Eucaristia, não há vinho ou pão na mesa posta por Da Vinci (o pão estaria reduzido a migalhas). Na verdade, Da Vinci representou os 12 Trabalhos de Hércules, que são os passos iniciáticos necessários para encarnarmos o Cristo Interior. Essas 12 faculdades superiores de nosso Ser Divino são representadas na tradição cristã-gnóstica como os 12 apóstolos, mas podem ser vistas também nos 12 Cavaleiros da Távola Redonda.

Outro aspecto interessantes da obra de Da Vinci é sua contradição com o que representava a catedral de Notre Dame, em Paris, que teria sido concebida pelos maçons quatro séculos antes, com a intenção de elogiar o passado. Aqui, Da Vinci focaria no futuro da humanidade,  como representado na figura do Apóstolo João, tão feminino quanto masculino, os cabelos iguais aos de Jesus, significando que o crescimento espiritual não tem sexo nem idade. 

Percebe-se ao fundo da pintura, três janelas abertas. Representariam a santíssima trindade, da qual Jesus seria o componente do meio, o mais importante para o homens,  por que representaria a porta de passagem para uma nova realidade, entre o mundo físico e o espiritual. Também se notam quatro janelas fechadas a cada lado da sala. À esquerda estão as janelas escuras, representando o aspecto inconsciente da vivência humana, a ignorância. À direita estão as janelas claras, que representam a consciência, que deve ser iluminada pela presença de Jesus na vida das pessoas. Aqui, Jesus não é o salvador da humanidade pelo seu sangue derramado, mas, o personagem clarificante de uma realidade até então inconsciente, desconhecida do ser humano em sua caminhada pela vida. Neste sentido é que Leonardo assume a presença de Jesus, como o mestre iluminador das consciências. 

A morte de Leonardo da Vinci



Leonardo da Vinci sempre viveu entre Milão e Florença, em conformidade com os patrocínios que recebia dos nobres ricos da região. Em 1513 foi convidado para viver no Vaticano, em Roma, ao lado de artistas como Rafael e Michelângelo. A partir de 1516, já considerado um ancião para a época, aos 64 anos foi convidado pelo rei da França, para fazer algumas obras de sua especial preferência artística, a escultura. Tornou-se grande amigo do rei, e segundo consta a crônica mundana da época, tornaram-se amantes. A bissexualidade de Leonardo já era então bastante conhecida. Por conveniência ou não, aceitou a oferta do rei para fixar-se no Vale de Loire, onde lhe foi destinado um castelo em Amboise, para abrigar ele e seus discípulos italianos, entre os quais consta a presença de Catarina de Médici, da família dos papas tradicionais neste período. Ali morreu Da Vinci, nos braços do rei Francisco I, no ano de 1519, aos 67 anos de idade.   








segunda-feira, 21 de março de 2016

Luzes do Cedro Baixo de Brusque

O Cedro sempre foi considerado uma árvore sagrada

Até a década de 1950, a atual localidade chamada Dom Joaquim, em Brusque, tinha o nome de CEDRO BAIXO, devido a grande quantidade deste arvoredo em sua mata ao redor. Os primeiros a se fixarem na localidade, por volta de 1880, foram imigrantes alemães, a maioria professantes da fé Luterana. Os descendentes de alemães ainda predominam na área, embora a religiosidade da população local tenha se transformado numa grande salada ecumênica, como atestam as várias igrejas e templos ali existentes.  A inspiração inicial do então abundante CEDRO, símbolo oficial da cidade de Brusque,  continua dando seus frutos, embora a árvore propriamente dita já esteja quase extinta na região. 

O Cedro é uma árvore mundialmente conhecida, em suas diversas variedades, e está associada intimamente com a prática da religiosidade. Na Bíblia dos judeus e cristãos, o cedro está citado 75 vezes. No campo muçulmano, o Cedro também é sagrado para muitos praticantes, sendo a árvore símbolo do Líbano, que a produz em grande quantidade.  A sua madeira, homogênea e aromática, foi bastante utilizada na antiguidade. Pelos Fenícios, para construir as suas embarcações militares e comerciais, bem como para a construção de templos e habitação. Os Egípcios utilizavam a sua resina na prática da mumificaçãoHá vestígios da sua serragem até nos túmulos dos Faraós. Papiros antigos comprovam a sua grande comercialização entre Líbano e Egito.


Moisés aconselhava os sacerdotes judaicos a utilizarem cascas de Cedro durante a circuncisão dos meninos e no tratamento de doenças da pele. De acordo com o livro sagrado Talmude, os Judeus queimavam madeira de cedro no Monte das Oliveiras para anunciar o início do ano novo. Vários reis da região do Oriente Médio o procuravam nas montanhas do Líbano,  para as suas construções civis ou religiosas,  sendo o caso mais famoso o da construção do Templo de Salomão, em Jerusalém. 


Réplica artística do que teria sido o Templo de Salomão original.
A madeira de cedro revestia o teto e as paredes internas.