sábado, 29 de outubro de 2016

Município de TIGRE, um paraíso no delta do Rio Paraná





O Rio de La Plata na verdade não é um rio.  Assim como o Guaíba, que em muito menor proporção banha Porto Alegre e outras cidades da região metropolitana, o estuário da Plata é a uniäo de diversos rios, entre eles os tres gigantes Rio Paraguai, Rio Uruguai e Rio Paraná. Todos nascem em diferentes pontos no Brasil.  

Os rios Paraguai e Paraná já se juntaram bem antes, perto de Corrientes, ao norte da Argentina. As terras e sedimentos de todos os tipos que os três grandes rios vão carregando ao longo de milhares de quiômetros, desde 90 milhões de anos para trás, são os responsáveis pela formação das ilhas que estão num trecho à margem direita do estuário, defronte a cidade de Tigre. As ilhas estäo justapostas em pequenas distâncias, que formam canais naturais, pântanos e lagoas. A regiäo é riquíssima em pescados, fauna e flora aquífera e terrestre. 

Quando os europeus chegaram aqui, pouco depois do descobrimento da América, a região sofria grande influência dos índios guaranis, que normalmente habitam mais ao norte, mas são por natureza nômades. Os costumes e a língua guarani se mesclaram com os dos índios naturais do lugar, os Chanás, mestres na canoagem, que passaram a chamar o território pelo nome guarani de Carapachay, que significa "braço de rio". Pouco antes da guerra de independência da Argentina, iniciada em 1810,  os ingleses ocuparam a área e houve grandes batalhas para desalojá-los. 

A onda migratória a partir de 1850 trouxe agricultores italianos, que passaram a cultivar frutas, além dos ítens necessários para sua sobrevivência. Principalmente laranjas e pêssegos eram exportados para Buenos Aires, através do Porto dos Frutos, que hoje é uma grande atração turística.  Por volta de 1950, o Delta viveu seu esplendor, quando a cidade de Tigre virou sede de vários clubes náuticos e de campo, assim como viu construírem imponentes casas de veraneio dos milionários porteños, que preferiam o cálido clima local às águas geladas da distante costa oceânica. 

Atualmente, o turismo dá mostras de reação, mas, segundo os especialistas e historiadores locais, não se compara com o que já foi no passado recente, antes da ditadura militar de 1976, quando a área começou a entrar em decadência.






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Rosedal, o parque das rosas



A cidade autônoma de Buenos Aires, capital da república Argentina, possui oficialmente mais de trinta parques urbanos. Sem contar os que se acham nos municìpios que compõem a Grande Buenos Aires. Sem igualmente considerar que alguns parques muito grandes, como o Três de Fevereiro, são divididos em várias sub seções, como o Rosedal e o Planetário de Buenos Aires, eles próprios tão imponentes que poderiam ser considerados parques autônomos. Trata-se realmente de uma cidade que se preocupa com o verde, homenageia seus paisagistas históricos e conserva efetivamente suas obras. 

O Passeio de Rosedal se localiza em Palermo, o bairro mais sofisticado e de maior território na capital federal. Possui 18 mil roseiras entre várias obras de arte espalhadas pelo parque, entre elas 26 esculturas de poetas, um parque andaluz e várias homenagens a outros países. Em 2012 obteve a certificação internacional como Padrão de Excelência em Jardins. O Rosedal foi construído em 1914, com 15 mil mudas de roseiras provenientes de várias partes do mundo. É raro encontrar por ali turistas brasileiros, apesar do passeio constar no programa turístico oficial da cidade.  




   

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domingo, 23 de outubro de 2016

Rosário, Maravilha e Decadência.

Monumento à bandeira nacional argentina


Em Rosário há uma monumental construção erguida em 1957, em homenagem à bandeira argentina, la celeste, que foi inventada aqui mesmo em fevereiro de 1812, às margens do Rio Paraná. Nos primeiros anos da guerra da independência contra os espanhóis, o General Belgrano, um dos tres comandantes superiores, percebeu que tanto as tropas espanholas quanto as argentinas usavam o vermelho como cor principal do uniforme. Percebendo a beleza azul do céu nesta região, o comandante  escolheu esta cor para identificar os revolucionários, estendendo o azul e branco para as cores nacionais. Os dois outros comandantes analisavam demoradamente a questão, temerários de que a França, uma das patrocinadoras principais da revolta, pudesse se ofender com a retirada do vermelho. Belgrano, impaciente,  colocou a nova bandeira em uso imediatamente e, quando se deram conta, o azul já estava em uso em todas as frentes de batalha.  

Além da bandeira nacional, Rosário é conhecida por ter gerado outros personagens famosos, a começar por Che Guevara, o ícone revolucionário comunista. O atual treinador da seleção argentina, Marcelo Bielsa, também é daqui, além de Angel di Maria e Javier Masquerano, igualmente famosos na seleção de futebol. O cantante Fito Paéz e mais um sem número de artistas, esportistas e políticos importantes também são daqui, embora menos cotados do que o revolucionário cubano e os futebolistas. Nenhum deles se iguala à fama do jogador do Barcelona, Lionel Messi, várias vezes considerado o melhor do mundo. Messi passou por uma estúpida agressão física em sua última visita à cidade natal: foi hostilizado publicamente num luxuoso shopping localizado no bairro mais rico da cidade, por conta da imbecilidade de um torcedor que resolveu protestar contra o astro, por que achava que ele não se empenha pela seleção nacional o tanto quanto se esforça pelo clube catalão. O torcedor foi preso e Messi prometeu nunca mais regressar, igual quando prometeu não vestir mais a camisa da seleção, por outras razões, às quais já reconsiderou, algo que também deve acontecer em relação a Rosário.

A cidade está seriamente comprometida econômica e socialmente. O narcotráfico tomou conta dos bairros pobres, imitando o que acontece nas favelas brasileiras. A população de camelôs e vendedores de bugigangas triplicou nos últimos dez anos. Observa-se a decadência na sujeira e mal cuidado com as edificações, principalmente as que demonstram a elegância e riqueza de outras épocas. A cidade já existia no começo dos anos 1600, como porto de parada na subida do Rio Paraná, ora por viajantes que iam para Asunción no Paraguay, ou como parte da rota que levava à cidade de Córdoba e dali à subsequente subida aos Andes, principalmente por causa das minas de Potosi. Rosário permaneceu como simples ponto de passagem, até que em 1812 o General Belgrano revolveu fazer aqui uma importante fortificação para a  guerra de independência. 

A partir de 1885, a cidade recebeu grandes ondas imigratórias da Europa, o que determinou profundas mudanças na sua geo política. A região tornou-se grande potência agro pecuária, com a criação de rebanhos e produção de grãos, que passaram a ser exportados, gerando enormes fontes de divisas, que fizeram surgir uma cidade moderna e progressista. 

A decadência começou já na ditadura militar, quando Rosário foi sub sede da copa do mundo de 1978, mas foi se aprofundando pelos posteriores governos civis, de modo que quando chegou o ano 2000 e os governos Kirchner, Rosário já contava com mais de 20% da população economicamente ativa desempregada. A política econômica dos Kirchner terminou por levar ao fracasso o projeto de exportação se soja, prejudicando os mais de trinta portos locais do Rio Paraná, onde os navios à granel se abasteciam para cruzar o oceano Atlântico, passando direto por Buenos Aires. Também as restrições às exportações de carne prejudicaram muito a economia local.   
  
Os mais de 1,2 milhões de habitantes fazem de Rosário a terceira cidade do país, maior até que a capital da província, Santa Fé. A esperança dessa gente é que o novo governo elimine, como no Brasil, ou pelo menos baixe os impostos sobre exportação de soja. Na área da carne, a coisa é um pouco mais complicada, por que a proibição das exportações, determinada pelo governo Kirchner, fez com que a Argentina perdesse o espaço que tinha nos mercados da Europa e Ásia, além de ter baixado drasticamente a produção interna. 

Rosário já foi um grande centro anarquista no início do século XX, graças principalmente aos imigrantes italianos. O reflexo disso é uma população jovem bastante ativa, politicamente engajada em movimentos de raízes esquerdistas. A cidade está cheia de pixaçôes anti capitalistas, anti machistas e anti clericais, enfeiando os muros e paredes e deteriorando ainda mais o quadro urbano.  Ao mesmo tempo que representa um problema, este vigor político traz consigo uma esperança: a de que novos tempos serão possíveis, ainda que estes provavelmente venham como resultados de reformas capitalistas liberais. Não importa! A ordem dos tratores não altera o viaduto da história.


























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sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Mi Buenos Aires Querido



 

























"O fio se perdeu; 
o labirinto também se perdeu. 
Agora, nem sequer sabemos 
se nos rodeia um labirinto, 
um segredo cósmico 
ou um caos azarado. 
Resta-nos como missão imaginar 
que há um labirinto e um fio." 
(Jorge Luis Borges)

Santa Maria de Buenos Aires é um lugar complicado desde suas origens cristãs, quando foi tomada aos índios charruas, querandis e guaranis que a habitavam. Parece ter havido um primeiro português, Aleixo Garcia, sobrevivente do naufrágio da expedição de Juan Dias de Solis nos primeiros alvores dos anos 1500, então a serviço da coroa espanhola. Este português se teria casado com uma nobre índia guarani e passou a influenciar a tribo, mas, segundo a lenda, foi seduzido por um sonho, o de conquistar "a terra sem males", e em busca dela partiu, à frente de uma legião nômade jovem e corajosa, subindo Rio Paraguai acima. E dele não se teve mais notícia. 

Décadas mais tarde, a Coroa espanhola mandou um representante imperial, com o propósito de tomar conta do estuário e defendê-lo de quaisquer intrusos. Nesta altura, o vice reinado já estava instalado em Lima, Peru, usufruindo do ouro e regalias conquistadas pelos comandantes Cortêz e Pizzarro junto aos adiantados índios Incas. Já os selvagens por aqui permaneciam brutos e inacessíveis. Em instantes reduziram drasticamente o contingente do governador Pedro de Mendoza, que ordenou o reembarque nas caravelas e, logo depois, a fuga imediata em direcão ao oceano, abandonando seu posto ao deus-dará. Uma parte da expedicão tentou regressar à Espanha e naufragou em alto mar, enquanto a outra parte empreendeu fuga subindo o Rio Paraná, com o propósito de alcançar a cidade de Asunción, que já tinha um contingente de colonos provenientes do Peru. Os espanhóis fugiram tão rápidos, que aqui abandonaram seu gado, cavalos e cabras, que passaram a proliferar na pampa ao largo no interior do continente, enquanto o núcleo urbano voltou à velha calmaria indígena. 

Até que em 1580 chega o novo governador, Juan de Garay, com a missão explícita de "plantar a árvore da justiça" na atual Praça de Maio. Faltou combinar com os índios que, em poucos anos de hostilidades, emboscaram o governador e o mataram. 

Falhou mais uma vez o esforço "civilizatório" e a aldeia mergulhou num semi abandono. Os colonos foram se espalhando pela pampa, sobrevivendo como dava e, na falta de novos colonos e contingentes militares para protegê-la, a cidade passou a ser ponto fácil do assalto de piratas de várias procedências, alguns na qualidade de representantes oficiais de seus respectivos reis, como os ingleses e franceses, e outros como representantes de si mesmos. Por 150 anos as terras fronteiriças ao Rio de la Plata viveriam na confusão do entra e sai de gentes, sob o olhar frouxo e indulgente da Coroa espanhola. 

A importância estratégica da pequena aldeia estava no fato de ser a porta e entrada por terras atlânticas para o complexo de Potosi, nos atuais Andes bolivianos, então o maior centro mineiro das Américas, com mais de cem mil habitantes, a maior aglomeracão humana no hemisfério sul. Só por isso, Buenos Aires sobreviveu ao seu destino inglório de porto pirata, por onde passavam o açúcar brasileiro, os tecidos da Holanda, ferro e porcelana ingleses, vinhos portugueses, etc, que abasteciam o Peru através da rota de Potosi. Por aqui também entrava a mão de obra escrava negra para as minas, já que os índios não se prestavam para isso e preferiam morrer. 

Vou pensando nessas origens, enquanto caminho por esta cidade-lenda, para atender um compromisso pouco comum: assistir ao ensaio da Orquestra Filarmônica de Buenos Aires, daqui à pouco, às onze da manhã no Teatro Colon. Ingresso muito difícil de conseguir, e que me foi presenteado por outro turista brasileiro, que encontrei casualmente, e que desistiu do programa. 

Olho no semblante das pessoas comuns nas ruas e avenidas, e vejo claramente a herança charrua, guarani e querandi. Os negros desapareceram completamente, eles que eram metade da populacão no ano 1750. Os argentinos não gostam de falar deste assunto, assim como detestam ter que admitir que seu maior ídolo, Carlos Gardel, era uruguaio, além do que seu principal parceiro (e eu acho que até namorado) foi um poeta nascido em São Paulo, Alfredo le Pena, cuja família imigrou para Buenos Aires quando ele era ainda criança, tal qual teria feito a mãe do pequeno Gardel, quando ele tinha dois anos de idade.  

Venho caminhando pela Avenida Independência e passo direto da estacão de metrô, cruzando a imensa Avenida Nove de Julho, com suas mais de 10 pistas de rolamento, entremeadas de passeios e calçadas. Vou verificar in loco o bar onde hoje à noite se estará apresentando uma cantora de chamamé correntino, Carolina Rojas, cujo show pretendo assistir. 

Desisto de tomar o Subte e prossigo a caminhada ao Colon, retornando à Nove de Julho. Ao passar pelo Obelisco, lá estão os eternos batedores de bumbo, com suas bandeiras estampando a boina e a cara do Che, suas faixas de protesto contra a nova ordem liberal, suas caras cansadas de militantes já entrados em idades, velhos comunistas que não perderam os sonhos (ou não sabem mais como viver sem eles).  

              


quinta-feira, 20 de outubro de 2016

ENSAYO DE ORQUESTA (en Buenos Aires)


























O atual Teatro Colon iniciou suas atividades com o nome de Teatro Municipal, no ano de 1857. Estava localizado na Praça de Maio, onde hoje está o Banco de La Nacion. No ano de 1890, iniciaram se as obras da nova sede, localizada na Praça dos Tribunais, um espetacular espaço no centro principal da cidade, onde estão instaladas as principais cortes judiciais do país, com todas as suas super estruturas burocráticas e tudo o mais. Nos cafés ao redor da imensa praça, o cenário está composto por sisudos advogados e seus clientes, em meio aos alegres e meio abobados turistas de passagem pela capital, entre os quais eu alegremente me incluo. Estamos a uma quadra do Obelisco, o ponto emblemático de Buenos Aires, onde costumam se reunir todos os movimentos políticos da capital, antes de partirem em passeata para a Praça de Maio, como é o costume dos bate bumbos locais. 


Foi neste teatro que eu vi um ensaio da principal orquestra filarmônica da Argentina. Eu contei 25 violinos, umas 15 violas de gamba, 10 violoncellos, 8 baixos, 8 percussões diferentes, uns 15 metais,  2 arpas e 2 pianos. É a maior orquestra que eu já vi ao vivo na minha vida. 

O Teatro Colon, sede do grupo Orquestra Filarmônica de Buenos Aires, por si só é outra obra de arte. Ao largo de sua história este monumento à cultura universal já viu de tudo no campo da música clássica e popular, ópera e ballet, tendo recebido gênios como Arturo Toscanini, Nijinski, Caruso, Margot Fonteyn, Mijail Barishnikov, Antonio Gades, Richard Strauss, Igor Stravinsky, Camille Saint-Saëns, Manuel de Falla, Herbert von Karajan, Leonard Bernstein, Zubin Mehta, María Callas, Yehudi Menuhin, Pau Casals, Rudolf Nuréyev, Maurice Béjart, Plácido Domingo, José Carreras, Luciano Pavarotti, Montserrat Caballé, Kiri Te Kanawa, entre muitos outros artistas famosos dos últimos 120 anos.


Segundo uma pesquisa realizada pelo especialista em acústica Leo Beranek,  entre destacados diretores internacionais de ópera e de orquestra, o Teatro Colon ocupa o primeiro lugar mundial  para encenação de óperas e o terceiro em qualidade sonora para concertos. Seguramente está entre os cinco principais centros de espetáculos do mundo. 

A última reforma durou 10 anos e o teatro foi reinaugurado por ocasião dos festejos do bicentenário da independência da Argentina, em 24 de maio de 2010. Leva o nome em homenagem a Cristóvão Colombo, ao qual se pretendeu homenagear em 1892, por ocasião do quarto centenário do descobrimento da América, quando a atual sede estava em construcão.  O imenso teatro com 108 salas e oficinas, incluindo o auditório principal com 3 mil lugares, sendo a platéia principal com 2.400 lugares, mais quatro andares de balcões finamente decorados. Na sua construcão foi usado o que de melhor e mais luxuoso havia no mundo dos materiais. O empreendimento, extraordinário para sua época, foi reflexo da grande prosperidade da Argentina conquistada a partir de 1880, depois da chegada de milhões de imigrantes europeus e do início das atividades de exportação de grãos como trigo, milho e cevada. Com o desenvolvimento dos navios frigoríficos, a exportação de carne virou o melhor negócio do mundo, depois das armas de guerra, claro! E a pampa argentina produzia a melhor carne de gado do mundo, sonho de consumo dos ricos europeus. Neste contexto de fim de século XIX, Buenos Aires era considerada a nova Paris das américas e, como tal, mereceria um atrativo digno dessa condição. A construção do Teatro Colon foi concebida como uma grande oportunidade de fazer ver aos olhos do mundo que esta era a realidade por aqui, onde um novo país se encontrava em gestação. 

O Teatro Colon atual mantém três grandes departamentos estáveis e permanentes, onde se desenvolvem atividades de ensino e pesquisa nas áreas de canto coral, dança e orquestração, formando futuros profissionais através do Instituto Superior de Artes. A expressão artística desta estrutura se manifesta igualmente em três áreas profissionais estáveis, o coro, o ballet e duas orquestras, uma para acompanhamento de ballet e óperas, e outra para concertos, a  Filarmônica,  que foi fundada oficialmente no ano de 1946. Hoje a Filarmônica conta com um cast de mais de 100 músicos profissionais. Está sob a direção do maestro mexicano Enrique Arturo Diemecke, que já foi regente de grandes orquestras em Los Ângeles, Londres e Paris.

Não demonstra vontade de se aposentar. Nem de deixar Buenos Aires...

    




  


domingo, 16 de outubro de 2016

Por que sofremos?




APERFEIÇOAMENTO DO SER HUMANO NA DIREÇÃO DO EU DIVINO

A obra de Huberto Rohden é fundamental na filosofia da religiosidade humana. Sua mensagem exalta o ser humano a buscar a evolução ética, moral e espiritual, sem cair numa pregação enfadonha e fanática. Huberto foi um grande pensador católico, que abandonou o proselitismo cristão, embora tenha continuado a se considerar crístico, o que é muito diferente do cristianismo, do qual passou a ser um grande crítico. 

Segundo Rohden, todos os grandes filósofos da humanidade se ocuparam em estudar e compreender o sofrimento humano e suas causas. Moisés, Buda, Lao Tsé, Ghandi, etc, todos afirmaram que o sofrimento pode ser uma porta para o desenvolvimento espiritual. O prazer e o conforto costumam satisfazer o ego da personalidade, enquanto o sofrimento desperta o ego divino dentro do ser humano, o chamado Eu Superior. Neste espaço de conexão cósmica, e não no ego humano, está o verdadeiro desenvolvimento do Ser em busca de sua evolução. Poucos podem evitar o sofrimento, mas todos podemos aprender com ele. Os caminhos para se chegar no estado de felicidade tem a ver com a compreensão da natureza divina, expressa em todas as coisas. A natureza divina pode também estar compreendida na infelicidade, e entender essa característica transitória e dual entre os dois estados é parte do auto aprendizado, enquanto a personalidade busca apenas o gozo. Quando vem o estado de sofrimento, o ego entra em depressão e, neste ponto, o Eu Superior pode obter o controle do Ser. Gozo e sofrimento vem das circunstâncias, enquanto felicidade ou infelicidade vem da harmonia cósmica, só possível na presença do Eu Superior. .      

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

A FELICIDADE DEPENDE DE VOCÊ



Continuando a pregação do padre Huberto Rohden, vamos falar da grande tragédia humana, a separação entre o ego da personalidade e o Eu Superior.

Todos os grandes mestres da humanidade dizem que a libertação diante das exigências do EGO é o grande objetivo da conexão religiosa.  Paulo de Tarso chegou a declarar em sua pregação que a missão de Cristo era uma deliberada ação para superar as condições enquanto ser humano. Talvez, o Jesus original nem tivesse sido do nosso planeta. Poderia ter sido um alienígena, de alta linhagem espiritual, que decidiu encarnar como humano na Terra, para simplesmente passar por um processo de aprimoramento, tanto em benefício do planeta quanto de sua própria evolução como ser espiritual. Rohden afirma que Cristo não era criatura humana, mas cósmica. O maior dos avatares que decidiu descer de seu mundo superior e baixar ao nosso mundo físico cheio de defeitos e imperfeições, afim de provocar um salto quântico na humanidade terrestre. E infelizmente falhou nesta missão. 

O mundo espiritual, segundo Rohden, é um absurdo incompreensível,  no sentido de que a ele é relativamente proibido o acesso das consciências em estado primário, como somos os seres humanos normais, que fomos forçados a acreditar que só veríamos a Deus ou ao Diabo após a nossa morte física, segundo o pensamento do cristianismo romano. 

O EGO HUMANO tem três formas de escravizar o EU SUPERIOR.  A primeira e mais importante é a acumulação de bens materiais. Quanto mais riqueza e conforto disponível, mais o Ego os quer absorver, em benefício próprio. O Ego nunca está satisfeito em relação às coisas materiais. Acumular sempre, é sua bandeira. Todas as grandes civilizações humanas morreram de confortismo explícito. Roma, Babilônia, Egito, Grécia, etc.  


A segunda coisa que o Ego exige é o prazer sensual. Atendendo a esta demanda, a indústria de entretenimento nos tem dado produtos que enaltecem a selvageria e o sexo. Os prazeres da harmonia com os seres da natureza, estes a mídia não considera. Tampouco enfoca as atividades humanas que busquem uma certa harmonia cósmica. Tudo se resume na loucura, vibração alucinante e prazer descompromissado. 

A terceira motivação para enaltecer a Pessoa individual é a sua participação na sociedade. Parece obrigatório que todos tenhamos que ter algum brilho social. Ninguém mais pode ser sozinho e insignificante. Todo ser humano na sociedade atual busca uma oportunidade para se destacar, onde quer que seja. Muitos não conseguem, e daí aparecem as grandes frustrações, que podem chegar até ao terrível fenômeno da depressão. 




   




domingo, 2 de outubro de 2016

VOTE COM A CONSCIÊNCIA



VOTE COM A CONSCIÊNCIA
Hoje é o dia em que 144 milhões de cidadãos vão às urnas eletrônicas no Brasil, para escolher os futuros prefeitos e vereadores de quase 5.500 municípios. A votação eletrônica é um tremendo avanço tecnológico e moral, ainda que setores políticos e sociais contestem sua imparcialidade. Essas pessoas provavelmente não viram o que eu vi no passado, em eleições amordaçadas pelas mais grosseiras fraudes.

Apesar da grande crise por que passa a Nação, é certo que ainda somos uma das principais potências econômicas do mundo. Em termos de produção interna bruta, somos oficialmente o 9º colocado, apesar de nosso PIB ter caído 24,5% em dólar nos últimos 3 anos.
Quase quarenta partidos políticos disputam a base eleitoral. Tem material para todos os gostos. Muitos se candidatam ou apoiam seus candidatos, por interesses meramente pessoais ou de amizades, mas, também há os que militam por uma causa, seja ideológica ou religiosa, por crenças ou convencimento pessoal.
É bom que, ao exercer o voto, tenhamos em mente os grandes desafios do país, apesar da eleição ser municipal. A maioria das campanhas centra suas propagandas na solução dos problemas da trindade absoluta, que mobiliza a população em torno dos temas Educação, Saúde e Segurança. Estes realmente são temas espinhosos, onde estamos regredindo à olhos vistos. No entanto, há outras frentes de igual importância. Uma delas é o SANEAMENTO BÁSICO, que, como o próprio nome diz, é básico para a vida nas cidades. O nosso déficit nessa área é fantástico e dele pouco se fala. Dizem os especialistas em marketing eleitoral que ele não rende votos.
A necessidade de investimentos só para garantir água e esgoto para a totalidade da população das cidades era de 300 bilhões de reais, conforme estimativa dos órgãos técnicos do governo em 2013. De lá para cá, deve ter aumentado em algumas dezenas de bilhões, já que nada foi feito. Se incluirmos o tratamento adequado do lixo urbano, salta para 500 bilhões de reais. Como comparação, saiba que este montante equivale a 30 anos de pagamentos do programa Bolsa Família.
Caros eleitores e eleitoras, se possível, vote com a sua consciência ... e estará fazendo um grande bem ao Brasil.